Bodas de Prata de Olga Lenz Pedde e Leonhard Pedde

Bodas de Prata de Olga Lenz Pedde e Leonhard Pedde
Bodas de Prata de Olga Lenz Pedde e Leonhard Pedde - 31/07/1957

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A longa caminhada

Famílias Lenz e Pedde confraternizando - por volta de 1952 - Ijuí -RS



As famílias Rosenberg/Lenz/Pedde

As origens das famílias Rosenberg, Lenz e Pedde não são completamente conhecidas até a presente data. É sabido que as famílias emigraram da Áustria e Pomerânia por volta de 1860 localizando-se no território da atual Ucrânia.
É ponto de referência na Ucrânia, a região de Volinia ou Novograd Wolinsk_Bolarke.
Em 1914 Adolf Lenz – pai da Olga Lenz (Amo), Jonathan e Reinhardt Lenz - foi recrutado para servir o exército do Tzar. Adolf Lenz era veterano de guerra pois havia participado da Guerra Russo-Japonesa em 1904-1905.
Em 1915 crianças e mulheres e os que haviam ficado nas aldeias foram mandados para a Sibéria, em razão do avanço das tropas alemãs. O retorno deu-se em 1919. Muitos haviam morrido.
As famílias que voltaram não encontraram suas colônias e casas intactas. Tentaram reconstruir suas vidas em novas aldeias.
Em 1919 – Adolf Lenz retorna da Guerra. Havia permanecido com prisioneiro de Guerra na Alemanha. Era Mecânico especializado. Por ter sido subtenente no exército do Czar passou a ser perseguido.
Em 1929 - a família Lenz, na tentativa de evadir-se do Comunismo que avançava – resolveu emigrar para a região do Amur já com intuito de atravessar a fronteira Russo-Chinesa.
Seis familias, 25 pessoas, emigraram da aldeia Ucraniana para a região do Rio Amur onde permaneceram por seis meses. Período em que a leva de colonos refugiados aumentou.
Os soviets iniciaram as prisões e perseguições também na região do Rio Amur. Inúmeros colonos foram presos e nunca mais se soube deles.
Como tantos outros, o grupo dos Lenz preparou a fuga para a China Continental. Chegaram a Imam no início de março de 1930.
O rio Ussuri foi cruzado à noite em uma caminhada de 18 horas com neve até os joelhos. Havia a guarda russa na fronteira que tinha ordens de atirar em quem fosse encontrado atravessando a fronteira.
A travessia foi realizada pelas famílias Lenz (5), Pedde (2) e Milke (3), todas da Volínia na atual Ucrânia. Data provável da travessia 02 de março de 1930.
Os Milke eram três, Adolf, Herta e Klara. Klara, criança de semanas foi carregada por Olga Lenz ao atravessar a fronteira.
Os Golnick iniciaram a travessia, porem por cansaço da esposa Linna tiveram que retornar. O cobertor de penas de Olga Lenz foi dado para a esposa do Sr. Golnick.
Mais tarde, os Golnick conseguiram juntar-se ao Grupo ainda na aldeia fronteiriça de Khulistisian, na China.
Os Golnick eram aparentados com os Milke. Herta Milke era irmã de Adelina Golnick.
Olga Pedde – irmã de Leonhard Pedde - carregou criança de cinco meses dos Golnick (Arno?) durante a travessia. Olga Pedde trabalhara na casa dos Golnick em Dobritz - Volinien - como “stuben mädchen” - “Magd” - algo semelhante à babá e por esta razão quando os Golnick resolveram fugir para a China foi convidada a acompanhá-los. A mãe de Olga Pedde - Augusta Pedde – impôs como condição de liberação a presença do irmão Leonhard Daniel Pedde.
A travessia do Rio Ussuri durou das 8 horas da noite até as 10 horas do dia seguinte quando alcançaram o vilarejo de Kolinjian, na China.
Olga Lenz (Amo) calçou sandálias com meias sobre a sandália o que fez com que não tivesse qualquer problema nos pés. Nesta caminhada quatro pessoas tiveram os pés congelados. Duas pessoas tiveram perda de artelhos. Sendo uma delas a Sra. Olga Pedde Netzlaff, irmã de Leonhard Daniel Pedde. No primeiro período de permanência em Chulinsjan (Kulingian) o grupo ficou em “estalagem”. Posteriormente alugaram pequena casa de um quarto onde permaneceram até a retomada de sua jornada em 02/05/1930. Para seguir adiante o grupo de 13 pessoas (duas crianças de colo) adquiriu um cavalo. O cavalo teria sido comprado por Heinrich (nome de família).
Carroça de duas rodas foi construída por Adolf Lenz em conjunto com Heinrich. Nesta carroça foram transportadas as duas crianças de colo, Olga Pedde e Adolf Milke. Os dois adultos apresentavam sérios problemas nos pés. Milke já amputara os dedos do pé e Olga Pedde teve amputado o pé em Harbin.
Heinrich e sua esposa permaneceram na China. Pelo menos não constaram na leva de 1932 que veio para o Brasil. O Sr. Adolf Milke foi ajudado por Leonhard Daniel Pedde (Apo) para fazer suas necessidades no período de convalescença.
A criança dos Golnick (Arno) faleceu em Harbin (não confirmado).
A frágil Sra. Linna Golnick faleceu em Harbin, vindo o Sr. Reinhardt Golnick a casar novamente com Alwine.
Olga Lenz Pedde conta que antes de falecer a Sra. Linna teria indicado três jovens ao Sr. Golnick, entre elas A Srta. Alwine, a própria Olga Lenz e Olga Pedde.
Golnick não chegou a fazer qualquer proposta para Olga Lenz que já estava interessada em Leonhard Pedde. Outras famílias juntaram-se aos Lenz.
Ainda na aldeia fronteiriça de Chulinsian na China, Olga Lenz, posteriormente Pedde remeteu carta ao Consulado Alemão em Harbin relatando a situação dos fugitivos de origem alemã. Jonathan Lenz, irmão da Amo, foi mandado para Harbin por Adolf Lenz e presume-se tenha entrado em contato com o cônsul alemão em Harbin. Jonathan foi acompanhado em seu deslocamento até Harbin por três jovens russo/alemães que posteriormente integraram a leva de 1932, porém, ficaram no Rio de Janeiro. Presumem-se os nomes Keller e Hintz.
Em 02 de maio de 1930 as famílias da pequena leva de fugitivos iniciaram caminhada a pé que durou cinco dias ao encontro de transporte – ônibus – providenciado pelo Consulado Alemão. Com o veículo o grupo foi transportado 100 km adiante, até a estação ferroviária, onde foram embarcados para Harbin.
Segundo dados compilados por Edith Söhngen:
a) O grupo permaneceu três meses em Chulinstjan.
b) Olga Lenz escreveu para o Consulado Alemão em Harbin tendo como destinatário o “General Stobe”.
c) O grupo já estava se deslocando de Chulinstjan quando foi alcançado pelo emissário alemão, – um Menonita chamado Jakob Neufeld que colocou todos em um ônibus e os levou os 100 km restantes até Pogranisch – onde havia uma estação de trem. Por ferrovia alcançaram Harbin.
Detalhes a respeito do congelamento dos pés.
Conta a Amo - Olga Lenz Pedde - que o seu irmão Reinhard Lenz – nascido em 24/01/1920 - teve os dedos do pé congelados na travessia. A lembrar que Olga Pedde e Adolf Milke, também sofreram do mesmo problema. Seguindo conselhos dos chineses da vila de Chulinsian os pés do menino foram banhados em água gelada. O resultado foi excelente, posto que ao contrário dos adultos o menino recuperou-se rapidamente.
Segundo a Amo o congelamento dos dedos dos adultos era mais avançado.Conta Amo que o seu irmão sempre se queixou de dores nos pés, por toda a vida.
Carta ao Consulado
Na questão referente a carta enviada ao Consulado Alemão por Olga Lenz e o envio de Jonathan Lenz (na época com 19 anos) para Harbin, afirmou a Amo – 28/07/2007 - que a carta já havia sido recebida pelo consulado e Jonathan ao chegar a Harbin falou com o Pastor Luterano "Kastler", que da mesma forma, já sabia da questão da imobilização dos dois enfermos.
Jonathan, portanto, reforçou a necessidade de ajuda, que como já relatado foi enviada.
Em Harbin os Lenz e os Pedde permaneceram durante dois anos trabalhando nas mais diversas funções. A “Amo” foi empregada doméstica. Leonhard Pedde “atuou” como cozinheiro e supervisor de compras de rico Senhor Chinês. As estórias atinentes dariam outro livro.
Passados dois anos, o Governo Alemão concedeu passaportes de viagem para os fugitivos.
Ajuda humanitária providenciou o translado de 400 pessoas para Xangai, onde a leva foi embarcada no navio de nome Portos com destino ao porto francês de Marselha.


O navio Portos

Posteriormente foram embarcados em Bordeaux no navio Lipari com destino ao Rio de Janeiro. A chegada ao Brasil deu-se em 27.06.1932. A leva ficou alguns dias na Ilha das Flores sendo reembarcada com destino a Porto Alegre em outro navio de nome Pará no dia 06 de julho de 1932.
A chegada a Porto Alegre deu-se no dia 12 de julho de 1932 as 11 horas e quarenta e cinco minutos. Reembarcados em trem às 5 horas e quarenta e cinco minutos. O trem partiu às 18 horas de Porto Alegre chegando a Santa Bárbara às 18 horas da tarde do dia 13 de Julho de 1932. A chegada em Iracema deu-se no dia 16 de Julho de 1932 as 13 horas.

O Navio Lipari
Observação: Para quem estranhar o conhecimento da hora exata. Os dados estão compilados em diário de Adolf Lenz que está sendo transliterado e posteriormente deverá ser traduzido.

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